Em 2011, o tema do AmadoraBD foi o Humor. A exposição central e um
extenso dossier no catálogo do evento, ambos coordenados por Osvaldo
Macedo de Sousa, pretenderam, entre outros objetivos, celebrar o
centenário do humorismo em Portugal e o peso que ele tem na banda
desenhada nacional. Osvaldo Macedo de Sousa, mais ligado a formas de
linguagem gráfica de maior imediatismo do que a banda desenhada, como o
cartoon ou a caricatura, teve a oportunidade – que aproveitou – de fazer
a ponte entre todas estas linguagens, sendo certo que a moderna banda
desenhada descende do cartoon, e nasce do humor. De resto, o facto de
Osvaldo de Sousa ter permanecido mais ligado ao cartoon ou à caricatura,
significa que ficou mais próximo da temática do humor.
Uma das ideias que Osvaldo de Sousa tem reafirmado assenta no
princípio de que o humor causa medo… porque entra na alma das pessoas. É
uma ideia interessante, ligada – mesmo para quem não acredite na alma
(e os autores deste álbum não devem acreditar) – àquilo que nos torna
humanos. O humor é, afinal, um sinal de inteligência humana.
A sátira ao presépio expõe esse medo, e desafia essa inteligência.
O Presépio é tão bonito, tão inspirador. É uma
representação pura da paz, do amor, dos valores fundamentais da vida em
comunidade. Mas isso é porque os elementos que compõem esse presépio
estão sempre calados e normalmente são de barro. Eis, na Banda Desenhada
“No Presépio…”, o verdadeiro e genuíno presépio vivo. O Zé, a Maria, o
Burro, a Vaca e o Menino no seu quotidiano exuberante, dramático,
corriqueiro, cómico, parvo… Principalmente parvo.
É com este texto que a editora Insónia apresenta o álbum
No Presépio…,
de José Pinto Carneiro e Álvaro, distinguido com o Prémio Nacional de
Banda Desenhada para o Melhor Álbum de Tiras Humorísticas. (...)"
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